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Glúten: o que você precisa entender
Postado em 21/07/2014 | fonte - Diário da Manhã


Uma substância muito abundante no nosso cardápio tem entrado na mira de muitas pessoas que querem emagrecer ou melhorar o bem-estar e a saúde. O glúten é uma proteína encontrada na semente de muitos cereais, como trigo e a cevada. A substância é desconhecida por parte da população, mas já existe uma certa rejeição em relação ao consumo por parte de algumas pessoas. Mas, afinal, o glúten faz mal à saúde? Deve ser evitado? Estes questionamentos foram feitos a especialistas que nos ajudaram a esclarecer essas dúvidas.

O alergista, Francisco Geraldo Sarti de Carvalho, garante que não faz sentido alguém evitar o consumo de glúten sem alguma indicação de profissional de saúde. "Em uma dieta balanceada é fundamental que se tenha os alimentos que são fontes de glúten, como o trigo, que é um ótimo alimento. Aquelas pessoas que não têm intolerância ou alergia ao glúten e nem doença celíaca, podem ingerir sem problema."

Equilíbrio

Simone da Cunha Rocha Santos, presidente da Associação de Nutrição do Distrito Federal e sócia de uma empresa de consultoria em Nutrição e Fitness, esclarece que a superexposição a um alimento pode criar no organismo um pouco de intolerância a ele. "O problema é que a nossa dieta ocidental hoje em dia tem muito consumo de alimentos que tem origem no trigo, ou seja, que tem glúten. Mas é bom salientar que isso não acontece somente com glúten, é bem comum as pessoas que fazem dieta de exclusão do glúten, passarem a todos os dias comer algum outro tipo de farináceo (mandioca, arroz) e essa superexposição pode levar a pessoa a desenvolver novamente uma hipersensibilidade a esse novo alimento, porque como o sistema imunológico dela está com baixa defesa, e o intestino dela já teve danos," explica.

O gastroenterologista, Américo Silvério, compartilha da mesma visão: "O que devemos evitar são dietas desequilibradas, uma dieta muito rica em carboidratos pode trazer algum distúrbio alimentar associado, assim como dieta muito rica em gorduras etc. A não ser que você tenha alguma intolerância ao glúten, essa proteína ingerida dentro de uma dieta balanceada não tem problema nenhum."

Para trazer esse equilíbrio na ingestão de carboidratos, Simone sugere uma quebra de rotina, mas jamais a eliminação completa do glúten. "Temos a opção de comermos tubérculos no café da manhã, como produtos à base de mandioca, mas você não vai ficar o resto da vida sem comer glúten, isso não existe", afirmou a presidente da Associação de Nutrição.

Exclusão do glúten

Simone Santos alerta para o perigo desta exclusão definitiva. "É um crime algumas mães não introduzirem glúten para as crianças maiores de um ano de idade. A mãe deve dar esse alimento no momento certo, porque se ela não der, no futuro a criança pode ser um possível hipersensível ao glúten, porque na época que o sistema imunológico dela estava sendo montado ele não foi exposto àquela proteína."

Toda dieta de exclusão de alguma substância deve ser temporária e com um propósito definido, disse Simone. "Muitas vezes a gente pode tirar o glúten da dieta como uma estratégia de dar um descanso para a pessoa que está apresentando algum desconforto, e depois reintroduzir o alimento o comendo, uma vez por dia, e rodiziando a cada três dias. Muitas vezes só de diminuir o consumo do alimento já dá uma resposta bem legal para a pessoa, principalmente quando se trata de alguns distúrbios gastrintestinais", assegura.

Simone, que também é educadora física, enfatiza que a eliminação do glúten no cardápio não é "para ficar com uma barriga sarada, chapada. Se a pessoa comer só batata, mandioca, mesmo sem glúten ele pode engordar por conta do índice glicêmico destes alimentos". Por isso toda dieta de exclusão, além de temporária, deve ser elaborada por quem tenha um conhecimento muito grande de técnica dietética.

Muitos malefícios atribuídos à ingestão do glúten, principalmente espalhados em vários blogs pela internet, são "fantasiosos", alega Américo. "O glúten deve ser evitado apenas por quem tem alguma intolerância ou alergia ao glúten. Nas outras pessoas ele não vai causar nenhum sintoma. Muitos problemas imputados ao consumo dessa proteína são causados pelo excesso de carboidrato, porque o glúten é mais comumente encontrado em alimentos ricos em carboidratos. Ao contrário do que alguns afirmam, o glúten em si não vai fazer uma aderência, uma 'cola' no intestino", afirma o endocrinologista. Considera ainda que algumas pessoas acabam perdendo peso ao diminuir a ingestão de glúten simplesmente porque o carboidrato – que é calórico – foi cortado da dieta.

Sensibilidade

Francisco salienta que existem três grupos bem definidos de pessoas que enfrentam dificuldade com o consumo de glúten, "o primeiro grupo é o dos intolerantes do glúten, que não têm uma doença propriamente dita; no segundo grupo estão os celíacos, que têm uma intolerância decorrente de alterações imunológicas – a doença celíaca é autoimune –, e apresentam sintomas crônicos mais importantes; o terceiro grupo é o de pessoas alérgicas ao glúten, esses pacientes alérgicos eles podem desenvolver os sintomas digestivos, respiratórios e cutâneos, podendo até ter um choque anafilático".

A doença celíaca ocorre em cerca de 1% da população, e outras enfermidades distintas relacionadas ao glúten tem uma prevalência estimada seis vezes maiores do que a doença celíaca propriamente dita. O alergista indica que todas as pessoas que tem alergias, tanto alimentares quanto respiratórias ou dermatológicas, devem investigar a sua tolerância ao glúten e a diversos outros alimentos, assim como os que têm sintomas digestivos crônicos ou perdem peso inexplicavelmente.

Simone orienta as pessoas que desconfiam do glúten como origem de algum desconforto a jamais eliminarem por si só o glúten do cardápio. A primeira conduta deve ser procurar um profissional de saúde, pois somente um gastroenterologista pode descobrir através de diversos exames laboratoriais se a pessoa é celíaca ou não. "Uma dieta de exclusão do glúten sem determinação médica impossibilita o diagnóstico do nível de sensibilidade ao alimento, e dificultar o diagnóstico da doença de uma pessoa que pode ser celíaca pode acabar com a vida dela, porque se ela consumir uma pizza pode morrer por causa disso", enfatiza.

A nutricionista conta que "uma vez o paciente não sendo celíaco faz-se uma dieta de exclusão para observar se há alteração nos sintomas que ele apresenta. Se ao excluir o glúten não for observado nenhuma mudança, o problema dele pode ser outro, como amendoim, arroz etc... Se com a exclusão do glúten os sintomas melhorarem, o intestino dele será tratado com fibras probióticas e então o alimento é reintroduzido. Essa exclusão pode ser por 20 ou 30 dias. Depois da reintrodução a pessoa vai comer aquele alimento de três em três dias." Simone destaca que comer o mesmo alimento diariamente não é saudável para ninguém.

Correlação com outras doenças

O exagero no consumo de qualquer alimento pode levar o organismo a desenvolver uma hipersensibilidade a algum ingrediente. Francisco lembra que "às vezes uma pessoa sempre teve uma leve intolerância ao glúten, e ao ingeri-lo frequentemente ela tem os sintomas exacerbados na idade adulta".

Embora várias doenças sejam atribuídas ao consumo de glúten, ele não causa problemas nas pessoas que não apresentam qualquer hipersensibilidade ou intolerância à proteína. Mesmo assim diversos estudos científicos demonstram que uma dieta livre de glúten pode fazer parte do tratamento de outras doenças não-celíacas, como autismo, diabetes, artrite reumatoide, enteropatia por HIV, transtornos neurológicos – como TDAH, esquizofrenia e esclerose múltipla –, Síndrome do Cólon Irritável, dermatite herpetiforme e outras doenças complexas.

Simone complementa que alimentos fontes de glúten têm um alto fator inflamatório, e mesmo não sendo o causador de tantos males, ele faz parte da sistemática dessas doenças. Ela ressalta que a dieta de exclusão de glúten não é "modismo", mas serve para tratar as pessoas que tem hipersensibilidade à essa proteína, devido ou não a uma condição de saúde anterior.

"Às vezes a pessoa tem uma enxaqueca há anos e não sabe porque, aí em certo momento ela resolve fazer uma dieta de exclusão de glúten e sente que a dor de cabeça dela diminuiu muito, assim ela pode perceber que tem algum problema com esse alimento", exemplifica a nutricionista. Contudo ela frisa que o principal aspecto em qualquer tratamento é a individualidade: "Tirar leite e glúten não é a solução de todo mundo, a dieta deve ser sempre baseada em exames médicos."

 

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