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Falta de fiscalização favorece irregularidade em suco e néctar
Postado em 06/07/2015 | fonte - Sandra Perruci/Asbran

Falta de fiscalização favorece irregularidade em suco e néctar

Recentes pesquisas na área de saúde têm concordado em alguns pontos importantes quando o assunto é alimentação: as pessoas estão mais preocupadas com o que comem e passaram a olhar atentamente os rótulos para avaliar informações nutricionais. Em 2014, a Nielsen promoveu um estudo global com 60.000 pessoas sobre Saúde e Bem-Estar online e identificou que quase metade (49%) dos entrevistados se considerou acima do peso, e uma porcentagem semelhante (50%) está tentando emagrecer.
 
Se por um lado a boa notícia mostra que os consumidores estão acompanhando cada vez mais as últimas tendências de saúde e qualidade de vida, por outro a falta de compreensão dos rótulos e informação adequada pode provocar justamente o efeito contrário na busca pelo bem-estar. Principalmente por aqui. O mercado de sucos e bebidas é um bom exemplo de como o brasileiro consome o que não lhe faz bem por falta de informação e fiscalização.
 
"Precisamos provocar uma mudança urgente na área de alimentos fornecendo informação correta ao consumidor. Mas é necessário que, além da colaboração da indústria alimentícia e do governo no reforço da fiscalização, a sociedade se envolva nesta luta, cobrando resultados práticos", avalia a presidente da Asbran, Luciana Coppini.
 
Não é uma luta fácil, acrescenta a diretora da Asbran, Pamela Cilurzo. "Há muito lucro em jogo com a desinformação".
 
Segundo Pamela, a preocupação com o bem-estar e a saúde provocou nos últimos anos um crescimento grande no mercado brasileiro de suco de fruta industrializado. E o suco de fruta pronto para beber tem sido carro-chefe dessa expansão que é vista como sinônimo de saúde. Mas basta uma olhada nos rótulos que se percebe que não é bem assim.
 
SUCO X NÉCTAR
 
A publicidade de alimentos tem levado muitas pessoas a comprarem produtos que não condizem com o que é anunciado. E quem fiscaliza? No caso dos sucos, parece tarefa fácil, mas surpreenda-se: o governo ainda não sabe como proceder.
Pesquisa do Idec - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, por exemplo, já identificou que as bebidas de néctares (“suco de caixinha”) estão com frutas de menos e açúcar de mais. Encontrar essa informação no rótulo já é um grande desafio.
 
O suco de fruta é um produto composto por 100% de fruta natural. O Ministério da Agricultura determina que ele não tenha aromas nem corantes artificiais, e a quantidade máxima de açúcar adicional é de 10% de seu volume total.
Já o néctar tem uma concentração menor de suco, que varia de 20% a 30% conforme a fruta. E, ao contrário dos sucos, pode receber aditivos, como corantes, conservantes, açúcar ou outros adoçantes.
 
No ano passado o Idec testou em laboratório 31 amostras de néctares de sete marcas em diferentes sabores. O objetivo era verificar se os produtos cumpriam os principais requisitos de qualidade e de identidade previstos na Instrução Normativa (IN) n° 12/2003 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), analisando itens como o teor de fruta e a quantidade de açúcar.
 
Todas as amostras foram aprovadas na maioria dos quesitos técnicos, como acidez total. Porém, no que diz respeito à quantidade de fruta, 10 produtos (32%) foram reprovados: eles simplesmente não continham o teor de polpa ou suco de fruta exigido por lei. Segundo a norma atualmente em vigor, o percentual mínimo de fruta varia de 20% a 40%, dependendo do sabor do néctar. Outra questão preocupante é que a publicidade das embalagens engana bem. Em algumas marcas o consumidor compra o produto achando que é fruta e o que está dentro é um mix de vários sabores.
 
Desde o início deste ano mudanças estão ocorrendo no setor para elevar o percentual de fruta. 
Segundo a nova norma, os néctares sabor uva e laranja já devem ter pelo menos 40% de polpa ou suco e até janeiro de 2016, esse percentual deverá ser de 50%.
 
Mas não basta determinar aumento do percentual da fruta. Quem vai fiscalizar se ele está ocorrendo?
 
Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec que acompanhou o estudo em 2014, disse que o órgão responsável pela norma que exige o teor mínimo de fruta nas bebidas é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA. Mas, até o momento, desconhece a existência de um método oficial para proceder essa análise. 
“O percentual desse ingrediente é previsto como critério de avaliação, mas, uma vez que não foi definido um método para sua a sua verificação pelos órgãos reguladores, o parâmetro perde o efeito de fiscalização”, diz. Ela acrescenta ainda que outras mudanças são aguardadas para este semestre.
 
É bom lembrar que no ano passado, Marlos Schuck Vicenzi, fiscal federal agropecuário do Mapa, já havia informado ao Idec que as técnicas estavam em desenvolvimento, mas ainda não podiam ser utilizadas para fiscalizar os produtos. Quase um ano e meio depois, a Coordenação-Geral de Apoio Laboratorial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (CGAL/Mapa) informa à Asbran que "está trabalhando atualmente para equipar os Laboratórios Nacionais Agropecuários do Pará e do Rio Grande do Sul, escolhidos estrategicamente, para desenvolverem a análise da razão isotópica do carbono, que quantifica o teor de suco nessas bebidas". Ou seja, tudo continua como antes.
 
CUIDADO COM A FOTO, OLHO NO RÓTULO
 
Você já viu uma maçã nascer de uma videira? Estranho não?
Mas é o que algumas embalagens de néctar de fruta podem sugerir.
A embalagem traz um belo cacho de uva estampada, o gosto da bebida e a cor se assemelham à uva, mas o que se toma tem como principal ingrediente suco de maçã. O artifício tem explicação: às vezes fica mais barato usar outras frutas e adicionar aditivos, como corantes e flavorizantes.
 
Entre gato e lebre, há outra questão muito preocupante, adverte a nutricionista Pamela Cilurzo, da Asbran. Trata-se da quantidade de açúcar. "Infelizmente, os fabricantes não são obrigados a declarar o teor de açúcar na tabela nutricional e qualquer mudança deve ter aprovação dos países que integram o bloco do Mercosul. Isso quer dizer que o consumidor deve ter cautela na hora da compra, pois os néctares, segundo estudo do Idec, estão com concentração média ou alta de “açúcares totais”, compostas pelo açúcar da própria fruta e o adicionado pelo fabricante.

 

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