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Análise caracteriza microbiota intestinal de vegetarianos
Postado em 23/03/2016 | fonte - Agência USP

Defendida no início de março na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, a tese de doutorado da nutricionista Ana Carolina Franco de Moraes mostrou que a microbiota intestinal parece representar um elo relevante entre a alimentação humana e a predisposição a doenças cardiometabólicas.
 
A nutricionista analisou a composição da microbiota intestinal de Adventistas do Sétimo Dia com diferentes hábitos alimentares (vegetarianos estritos, ovo-lacto-vegetarianos e onívoros) e associou-os a marcadores de inflamação subclínica e de resistência à insulina.
 
O trato gastrointestinal humano, especialmente o cólon, é densamente povoado por bactérias, fungos, archaea e vírus. “A este ecossistema, dá-se o nome de microbiota intestinal, que se estima conter 100 trilhões de microrganismos, número dez vezes maior que a quantidade de células humanas”, explica a nutricionista. “A microbiota de cada pessoa é única, parte geneticamente definida, mas também por outros fatores como o modo de nascimento (cesariana ou parto normal), amamentação, idade, uso de antibióticos e dieta”.
 
As bactérias têm papel fundamental para a manutenção da saúde, estando envolvidas não apenas na digestão de alimentos, regulação energética, síntese de vitaminas e produção de ácidos graxos de cadeia curta, mas também na proteção contra patógenos e na modulação do sistema imune. “Há fortes evidências de que a composição da microbiota intestinal pode estar associada à ocorrência de doenças cardiometabólicas e doenças gastrointestinais”, diz Ana Carolina.
 
“E ainda, alguns estudos relacionam este ecossistema com alergias e até mesmo alguns cânceres”.
A pesquisadora avaliou a microbiota intestinal de 300 pessoas participantes do estudo matriz, chamado ADVENTO, realizado com Adventistas do Sétimo Dia. Ambas as pesquisas foram realizadas no Hospital Universitário (HU) da USP. A microbiota intestinal foi obtida por uma análise genética das bactérias presentes nas fezes. Os resultados indicam que os vegetarianos apresentaram uma colonização bacteriana mais favorável, que por sua vez, influencia o perfil de risco cardiometabólico.
 
Tolerância à glicose
Entre todas as pessoas pesquisadas, quem apresentava tolerância à glicose normal tinha maior abundância de Akkermansia muciniphila do que aquelas com anormalidade na tolerância à glicose. Este achado, somado às evidências da literatura científica, sugere que quanto maior a quantidade desta bactéria, melhor é o metabolismo da glicose. Adicionalmente, foi identificado que agrupamentos comuns de bactérias — chamado enterótipos — previamente descritos em outras populações estão presentes na brasileira, o que propõe que o ecossistema intestinal não é “população-específico”.
 
Também foram encontradas associações desses enterótipos com hábitos alimentares e concentrações de lípides. Pessoas com o enterótipo 2, que têm predomínio de uma bactéria chamada Prevotella) apresentaram menores concentrações de LDL-colesterol, ou “colesterol ruim”, que os outros dois grupos, fato que pode estar associado a descoberta de que há mais vegetarianos estritos neste enterótipo. É coerente com a descoberta de que há mais vegetarianos estritos no enterótipo 2.
 
“Os testes identificaram ainda, entre os possuidores do enterótipo 2, uma associação direta entre a abundância de Faecalibacterium, bactéria relacionada com benefícios à saúde, e o aumento das concentrações de HDL-colesterol, ou“colesterol bom”, que promove a retirada do excesso de colesterol das placas arteriais”, afirma a nutricionista.
Os dados do estudo são coerentes com o papel da alimentação saudável — rica em verduras, frutas e legumes — em preservar o metabolismo energético mantendo um adequado perfil cardiometabólico. E ainda, a pesquisadora sugere que a dieta dos onívoros — com exposição crescente a alimentos de origem animal — possa impactar negativamente nas proporções de comunidades bacterianas.
 
Os achados fortalecem a ideia de que a microbiota intestinal parece representar um elo relevante que explica as relações da alimentação humana com a predisposição a doenças cardiometabólicas. No entanto, a pesquisadora ressalta que o delineamento do estudo não permite assegurar relações causa-efeito. “Como os dados foram coletados em um único ponto no tempo, não é possível afirmar se a alteração da microbiota foi causa ou consequência de algum dos efeitos estudados”, conclui.
 
A tese Análise da microbiota intestinal em adultos com hábitos alimentares distintos e de associações com a inflamação e resistência à insulina foi orientada pela professora Sandra Roberta Gouvea Ferreira Vívolo, do Departamento de Epidemiologia da FSP, e coorientada pela professora Bianca de Almeida Pititto, do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) financiou o estudo e a bolsa de doutorado da pesquisadora.

 

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