Pela primeira vez na história do Conbran, o maior congresso de Nutrição da América Latina, a NUTRIEXPO, feira de exposição de produtos voltados à alimentação e Nutrição, que ocorre paralelamente ao evento, será instalada seguindo os novos critérios de parcerias adotados pela Asbran no ano passado. 

 

Após análises e considerações frente à necessidade de implantação de estratégias efetivas e integradas para a redução da morbimortalidade causada por doenças crônicas não transmissíveis relacionadas à alimentação e nutrição, entre outras, a diretoria da Asbran decidiu em 2015  não estabelecer parcerias com indústrias, empresas e ou instituições que comercializem, promovam, ofertem, doem, incentivem ou usem bebidas de baixo teor nutricional; bebidas alcoólicas; alimentos com elevada quantidade de açúcar e/ou gordura saturada e/ou gordura trans e/ou sódio; alimentos transgênicos; produtos para emagrecimento e “nutrição estética” para os quais não haja evidências científicas de seus efeitos; produtos que prometem “milagres”, efeitos ou impactos para os quais não haja evidências científicas de seus efeitos; produtos ultraprocessados; redes de fast-food; políticas e práticas de conflito com a saúde.

 

“Colocar em prática a Portaria de Critérios de parceria no Conbran está sendo um grande desafio que exige da nossa equipe amadurecimento, aprofundamento e dedicação para estabelecer um processo de trabalho alinhado às diretrizes nacionais de alimentação e nutrição”, disse a presidente da Asbran Luciana Coppini, lembrando que essa discussão ultrapassa fronteiras e tem sido feita em vários países, cujos profissionais lutam contra o conflito de interesses. “Sem dúvida, o processo de construção da Portaria de Critérios foi uma junção de saberes, desejos e militância por uma alimentação adequada, saudável e sustentável”.

 

A Portaria nº 01/2015 foi publicada há exatamente um ano, após discussões intensas com outras entidades da Nutrição e pesquisadores. Este debate se iniciou ainda em gestões anteriores, resultando na assinatura e publicação das diretrizes em agosto de 2015.

 

Para a diretora da Asbran Carolina Chagas, o novo protocolo para parcerias não é uma experiência concluída, mas tem se mostrado extremamente válido, possível e “com critérios que buscam abarcar a complexidade do sistema alimentar”. Entre os pontos positivos Carolina destaca a “saída do modelo padronizado” e a aproximação de novos parceiros. Os obstáculos existem, acrescenta, especialmente a dificuldade de acesso às informações nutricionais de alguns produtos, fato que desperta outras questões: “Não há direito à informação quando tratamos de produtos alimentícios? Os rótulos comunicam o quê? Para quem?”.

 

Desafios para o Conbran

 

Fazer acontecer algo grandioso, como o Conbran e sua Feira de Exposições, é trabalhoso demais, avalia Carolina, “porém, hoje existe uma convicção que a condução das relações entre as instituições privadas e a Associação está ocorrendo de forma mais harmoniosa e coerente, por isso acreditamos que estamos no caminho certo”. 

 

Neste sentido, a Asbran espera, como legado, contribuir com a politização do debate sobre os conflitos de interesses na área de alimentação e nutrição. “Sabemos que este ainda é o início de um processo que precisará avançar para outros espaços, serviços e itens, como alimentos para fins especiais, suplementos, fórmulas, fitoterápicos, produtos estéticos e muitos outros.”

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