Há mais do que comida suficiente no mundo para alimentar o conjunto da população humana. No entanto, 815 milhões de pessoas passam fome – e o pior, este número segue em curva ascendente. Ao mesmo tempo, a prevalência global de obesidade mais do que duplicou entre 1980 e 2014, alcançando cerca de 13% da população adulta mundial – são mais de 600 milhões de adultos obesos no planeta. Os dados são do relatório “Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo – 2017”, recentemente divulgado pela FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. As informações serviram de base para importantes discussões sobre Alimentação e Nutrição no X Congresso Brasileiro de Epidemiologia que termina nesta quarta-feira, dia 11 de outubro, em Florianópolis (SC).

 

O evento traz hoje para o debate "As evidências epidemiológicas que embasam o Guia Alimentar para a População Brasileira", sendo o palestrante Carlos Augusto Monteiro (FSP/USP); os "Erros na avaliação de consumo alimentar e possíveis correções", com Victor Kipnis (National Cancer Institute of the United States); e uma mesa-redonda bem interessante sobre "Como avançar na agenda regulatória na área de alimentos: cenário atual e perspectivas", reunindo Rodrigo Martins de Vargas (Anvisa); Ana Paula Bortoletto Martins (Idec); Enrique Jacoby (DF), e Inês Rugani (INU/Uerj).

 

O congresso teve como foco refletir sobre o enfrentamento da epidemia de obesidade com instrumentos robustos de avaliação do consumo alimentar. Segundo Rosely Sichieri, docente do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj) e integrante da Comissão Científica do Congresso e da Comissão de Epidemiologia da Abrasco, "a obesidade é uma doença que requer um sistema integrado de estratégias para seu controle e prevenção, o que esbarra em questões regulatórias. Debatemos propostas e experiências positivas no controle do ganho de peso populacional presentes nos sistemas de saúde e em discussão no mundo”. 

 

O congresso discutiu, ainda, a experiência brasileira de sucesso internacional em desenvolver uma classificação dos alimentos baseada no grau de processamento e presente no Guia Alimentar para a População Brasileira (2014).